segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Resíduos químicos são encontrados no prato das crianças francesas

02/12/2010 -

Le Monde
Pascale Santi
Em um dia, uma criança de 10 anos pode ser exposta, por meio de sua alimentação, a 128 resíduos químicos, provenientes de 81 substâncias diferentes. Quarenta e duas delas são classificadas como “possível ou provavelmente cancerígenas” e 5 como “certamente cancerígenas”. Trinta e sete substâncias também são perturbadores endócrinos (PE).
É essa a conclusão do estudo apresentado na quarta-feira (1º) pela associação ambientalista Générations Futures  e pela rede Health and Environment Alliance (Heal), em parceria com a Réseau Environnement Santé (RES) e a WWF-France. De julho a setembro, os autores da pesquisa fizeram suas compras nos supermercados de Oise e de Paris para adquirir os produtos necessários à alimentação diária padrão de uma criança de 10 anos que coma em casa, ou seja, três refeições e um lanche. Os cardápios não eram orgânicos, mas respeitavam o equilíbrio nutricional.
Em seguida, as associações pediram a laboratórios independentes que analisassem os alimentos para detectar a possível presença de resíduos de pesticidas, dioxinas, metais pesados, plastificantes (ftalatos, bisfenol A, perfluorados…) ou aditivos alimentares.
O resultado é exemplar: 34 substâncias químicas foram encontradas no salmão fresco, sendo que mais da metade eram cancerígenas ou perturbadores endócrinos; todas as 6 substâncias no queijo fundido eram cancerígenas e perturbadores endócrinos. Quinze resíduos foram encontrados na manteiga sem sal do café-da-manhã, 10 na carne moída com 15% de gordura, todas cancerígenas e PE, etc. No total, 128 resíduos químicos são ingeridos em um dia. Pior, foram encontradas substâncias proibidas na França em uma caixa de vagem proveniente do Quênia e uma no arroz importado da Ásia.
Embora os limites legais para cada substância tomada individualmente sejam respeitados em quase todos os casos, o “número de resíduos de pesticidas e de poluentes que foram encontrados é impressionante”, constata o Dr. Laurent Chevalier, nutricionista, membro da RES, que pede por “mais controle e pesquisas sobre o efeito cumulativo dessas diferentes substâncias químicas e do tempo de exposição”. Esses resultados “vão além daquilo que temíamos”, se preocupa François Veillerette, porta-voz do Générations Futures, que reconhece que esse estudo, o primeiro de uma ampla campanha lançado por sua associação sobre o tema “Meio ambiente e câncer” , “mereceria ser aprofundado”.
“Os efeitos de prováveis sinergias induzidas pela ingestão de tais coquetéis contaminantes não são levados em conta e o risco final para o consumidor é provavelmente muito subestimado”, afirmam os autores da pesquisa. “Atualmente, não sabemos quase nada sobre o impacto dos coquetéis químicos ingeridos por via alimentar”, insiste Veillerette. “Estamos pedindo pela aplicação do princípio de prevenção a fim de diminuir ao máximo a exposição ambiental, e especialmente a alimentar, a substâncias suspeitas de serem cancerígenas”, dizem os autores. “O veneno não é a intensidade da dose, mas sim a repetição de pequenas doses, e portanto o tempo de exposição”, afirma o professor Dominique Belpomme, da Universidade Paris-V-Descartes.
Esses médicos se preocupam com a progressão da prevalência dos cânceres, mesmo que a mortalidade esteja caindo, e com a relação de causalidade revelada entre a exposição aos pesticidas e a origem de certos cânceres entre os trabalhadores agrícolas, segundo a Liga contra o Câncer. Nesse contexto, “nossos representantes devem encontrar meios de reduzir de maneira substancial a exposição, especialmente a alimentar, da população a essas substâncias químicas”, explica Veillerette. Já existem soluções de substituição, segundo ele, em especial a agricultura orgânica ou integrada.
Embora o estudo seja considerado esclarecedor, há aqueles que procuram acalmar os ânimos.  “Nós temos necessariamente em nossos pratos substâncias químicas, é tudo uma questão de dose. O homem pode metabolizar os xenobióticos aos quais ele se expôs continuamente (alimentação, medicamentos, ar interno…),” observa a Dra. Marie-Christine Boutron-Ruault, diretora de pesquisa do Inserm no Instituto Gustave-Roussy, “mas não há por que se gerar uma fobia entre a população, que não saberia mais o que comer”.
Tradução: Lana Lim

Sociedade Civil exige um Processo Transparente e Democrátic



Cancun, Mexico 3 de dezenbro de 2010

Em um ano em que milhões de pessoas de todo o mundo foram afetadas pelos impactos negativos das mudanças climáticas, a tarefa da CMNUCC de reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma drástica e imediata, é mais urgente do que nunca. Os cientistas têm advertido de forma sistemática, que cada vez temos menos tempo de agir para enfrentar este problema mundial de forma efetiva. É por isso que nós, as organizações da sociedade civil abaixo assinadas, solicitamos um processo democrático, transparente e participativo nas negociações do clima da ONU, que conduza a resultados em Cancun equilibrados, equitativos e baseados na ciência, para implementar a Convenção do Clima da ONU e os compromissos legalmente vinculantes dos países desenvolvidos de reduzir suas emissões em virtude do Protocolo de Quioto.

Cancun deve produzir um resultado que tenha legitimidade, mediante um processo justo e democrático. Mas, o prognóstico e muito desalentador.

O processo deve evitar o comportamento excludente, não transparente e antidemocrático da Conferência do Clima de Copenhague em dezembro de 2009, que terminou com um gosto amargo, minando a confiança e que conduziu ao polêmico Acordo de Copenhague.

O Acordo, realizado por um grupo exclusivo de 28 países eleitos pelo governo dinamarquês, e estabelecido ao final da conferência sobre a base da política “ame-o ou deixe-o”, é ilegítimo e também segundo os termos do secretariado do clima da ONU, não possui validade legal. Cientistas confirmam que essas promessas poderiam causar mais de 4°C de aquecimento, o que provocaria impactos catastróficos para populações e ecossistemas do mundo, e mudança climática irreversível.

Estamos revoltados com a informação de que o governo mexicano convidou alguns Chefes de Estado e a outros não. Denunciamos qualquer intenção em Cancun de utilizar novamente um processo de um pequeno grupo de Chefes de Estado selecionados para defender os interesses de uns poucos países a expensas de muitos.

Também expressamos preocupação diante da informação sobre a possibilidade de que a Presidência Mexicana convoque um processo que reúna a ambas as vias da negociação, arriscando assim um retrocesso, a inspirar uma retirada do Protocolo de Quioto e diminuir a ambição de outras Partes. Os países desenvolvidos devem honrar não abandonar sua obrigação legalmente vinculante de reduzir suas emissões em virtude do Protocolo de Quioto a partir de 2012.

E assim mesmo, nos preocupa a nova proposta do Presidente do Grupo de Trabalho Especial sobre a cooperação de longo prazo (GTE-CLP) para que haja um resultado em Cancun, que foi pleiteado sem a solicitação das partes, o qual reflete a forte parcialidade do Acordo de Copenhague e exclui a maioria das demandas fundamentais dos países em desenvolvimento.

Entre outras coisas:
  • · Elimina toda a referência de manter o aquecimento abaixo de 1 a 1,5 graus que conta com o apoio de 100 países nas negociações;
  • · Elimina toda referência ao financiamento de pelo menos 1,5% do produto interno bruto dos países do Anexo 1, que conta com o apoio do G77 + China, que representa mais de 130 países, e de ao menos 6% por parte de Bolívia;
  • · Da autoridade ao Banco Mundial para que supervisione os fundos no marco de um Novo fundo mundial para o clima, apesar de os países em desenvolvimento solicitarem de forma unânime um novo fundo sob autoridade da CMNUCC; e
  • · Estabelece novos “mercados de carbono” que permitirá aos países desenvolvidos continuar contaminando, enquanto podem se esquivar de seus compromissos financeiros e passar a carga da mitigação aos países em desenvolvimento.
O texto eliminou virtualmente todas as propostas apresentadas pela Bolívia como base ao Acordo dos Povos que reflete o desejo de mais de 35,000 representantes dos movimentos e organizações sociais que participaram na Conferência Mundial dos Povos na Bolívia em abril de 2010.

As Partes não solicitaram este texto para as negociações. Exigimos que as Partes trabalhem em um texto elaborado por elas mesmas (texto 13 Agosto) que reflete as opiniões das Partes e que as negociações sigam sendo dirigidas pelas Partes e não pelos Presidentes das sessões.

Estas preocupações também se aplicam às negociações do Protocolo de Quioto onde o Presidente tenta propor seu próprio texto que adiaria a adoção de objetivos para as reduções de emissões legalmente vinculantes por parte dos países desenvolvidos em Cancun, geraria riscos de expansão de vazios legais em operações contábeis e substituiria o sistema de vinculação legal com um sistema de compromisso voluntário como o observado no acordo de Copenhague.

Finalmente, estamos preocupados com os limites impostos pelo Governo mexicano e pela Secretaria Climática das NNUU no que diz respeito à participação total da sociedade civil. Não vamos tolerar nenhum esforço para fazer calar as pessoas ou limitar nossas vozes.

Acreditamos que é possível que se alcance um resultado exitoso em Cancun, que aplique a Convenção e cumpra com as obrigações legalmente vinculantes dos países desenvolvidos para reduzir suas emissões em virtude do Protocolo de Quioto. O ponto chave é assegurar que os países desenvolvidos honrem seu compromisso e fazer com que as vozes dos mais afetados pelas mudanças climáticas sejam ouvidas.

Assinam:
Asociacion Globalizate, Spain
Asociación Nacional de Empresas Comercializadoras de Productores del Campo (ANEC), Mexico
Bangladesh Krishok Federation, Bangladesh
CEICOM, Mexico
Center for Food Safety, US
Centro Operacional de Vivienda y Poblamiento A.C. (COPEVI), Mexico
Científicos por el Medio Ambiente (CIMA), Spain
Civic Response, Ghana
Confederación Española de Consumidores y Usuarios (CECU), Spain
Dimpos Manalu KSPPM, Indonesia
Dimpos Manalu, KSPPM, Indonesia
Equity and Justice Working Group, Bangladesh
FAIR, Italy
FERN, UK
Focus on the Global South
Freedom from Debt Coalition, Philippines
Friends of the Earth International
Fronteras Comunes, Mexico
Fundación IPADE, Spain
Fundación Pachamama, Ecuador
GAIA, Global Alliance for Incineration Alternatives
Gayo Forest Foundation, Indonesia
Grassroots International
Green Camp, China
Green Zhejiang, China
Hangzhou Eco-culture Association, China
HELIO International
Institute for Agricultural and Trade Policy, US
Institute for Essential Services Reform, Indonesia
International Center for Technology Assessment, US
International Forum on Globalization, US
International Rivers, United States
International Youth and Student Movement for the United Nations
Izquierda Unida, Spain
Jagaran, Nepal
JS-Asia/Pacific Movement on Debt and Development
Jubilee South
Jubilee USA Network, US
Kenya Young Greens, Kenya
Koalisi Anti-Utang (KAU), Indonesia
Kruha Water Coalition, Indonesia
LDC Watch
Mines Minerals People, India
National Forum For Advocacy, Nepal
New York Climate Action Group, US
North-South XXI
Pachamamma Foundation, Ecuador
Perkumpulan Elang-Riau, Indonesia
Philippine Movement for Climate Justice (PMCJ), Philippines
Rainforest Foundation US
Rainforest Foundation, UK
Red Mexicana Frente el Libre Comercio (RMALC), Mexico
Rural Reconstruction, Nepal
SEO/Birdlife, Spain
Serikat Nelayan Indonesia(SNI), Indonesia
SONIA, Italy
South Asian Alliance for Poverty Eradication (SAAPE)
Suluh Muda Indonesai, Indonesia
SUPRO, Bangladesh
Sustainable Energy & Economy Network, US
Third World Network
USO, Spain
World Development Movement, UK
World March of Women – Marcha Mundial das Mulheres(MMM – MMF – WMW)
Wuhu Ecology Center, China
Yaxche’, Árbol de la Vida, A.C., Mexico
YEL-SOCP, Indonesia

Algas marinhas podem fornecer moléculas para remédios, biocombustíveis, tintas e filtros solares



Algas marinhas multiuso – O Brasil guarda debaixo d’água um reservatório valioso para o fornecimento de produtos como medicamentos, combustíveis e até mesmo um filtro solar natural de ótimo desempenho.
São as algas marinhas, cujo potencial muito além dos sushis foi destacado pelo professor Pio Colepicolo Neto, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), no Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado pelo Programa Biota-FAPESP e que termina nesta sexta-feira (10/9), na sede da Fundação.
Colepicolo coordena o Projeto Temático “Estudos de bioprospecção de macroalgas marinhas, uso da biomassa algal como fonte de novos fármacos e bioativos economicamente viáveis e sua aplicação na remediação de áreas impactadas (biodiversidade marinha)”, que também integra o Biota-FAPESP.
“Por estarem expostas a ambientes e situações adversas, as algas desenvolvem, como metabólitos secundários, moléculas químicas extremamente sofisticadas e diferentes das estruturas produzidas por plantas terrestres”, disse à Agência FAPESP.
Segundo o cientista, já se sabe que as algas marinhas desempenham uma função fundamental no ambiente: elas respondem por cerca da metade do oxigênio liberado na atmosfera; delas saem o dimetil sulfeto, principal gás responsável pela formação de nuvens; são biorremediadoras de águas poluídas; e podem ser utilizadas como um biomarcador de poluição. Colepicolo também mostrou que as algas podem ser fornecedoras de compostos únicos e extremamente complexos.
“Essas moléculas encontram vasta aplicação na indústria farmacêutica ao servir de base para a fabricação de antiinflamatórios, antifúngicos, antivirais, bactericidas, antioxidantes e mais uma enorme gama de produtos que podem ser desenvolvidos de forma inovadora, estratégica e economicamente importante para o Brasil”, destacou.
As aplicações dessas substâncias vão além da medicina. Na agricultura, por exemplo, antifúngicos extraídos de macroalgas podem ser aplicados sobre frutas como mamão, morango e figo e, com isso, pode-se aumentar o tempo de vida útil da fruta na prateleira de três a quatro semanas.
“Podemos ganhar até um mês de viabilidade em produtos agrícolas que são exportados”, disse o professor da USP, ressaltando a importância econômica de aplicações como essa.
Outro grande potencial das micro e macroalgas marinhas é fornecer o princípio ativo para protetores solares naturais. Há cinco anos, em um outro projeto apoiado pela FAPESP sob a coordenação de Colepicolo, o grupo de pesquisa isolou de macroalgas da costa brasileira as micosporinas (MAA), substâncias químicas de baixo peso molecular, com alta capacidade de absorver radiação ultravioleta (UV).
Algumas micosporinas são também antioxidantes. Essas substâncias têm a finalidade de protegê-las contra os efeitos danosos de UV, função exercida pelos flavonoides nas plantas terrestres.
Por ficarem mais expostas ao sol, as algas tropicais são as que mais apresentam substâncias resistentes aos raios UV. Esses protetores solares naturais das algas são particularmente importantes para os biomas marinhos, pois também fornecem proteção solar a outros organismos como peixes, moluscos, zooplâncton e corais.
“As algas marinhas produzem essas substâncias e muitos peixes adquirem proteção solar ao se alimentar desses organismos fotossintetizantes”, explicou o pesquisador.
O fenômeno do branqueamento de corais é causado pela ausência desses protetores naturais fornecidos pelas algas. A ausência das algas que vivem em simbiose com os corais os deixam expostos à radiação. Com isso, eles acabam sofrendo a ação direta dos raios UV, perdem coloração e morrem. Ambientalmente, esse efeito é extremamente danoso, pois perdem-se componentes importantes do equilíbrio ecológico marinho.
O desempenho do protetor natural também chamou a atenção dos pesquisadores. Em testes, o absorvedor de UV das algas apresentou um espectro de absorção muito próximo ao mais eficiente produto sintético vendido no mercado.
“A indústria cosmética poderá se beneficiar de dois efeitos do produto – sua ação antioxidante e de proteção contra UV – e, com isso, oferecer produtos com ação sinérgica contra o estresse oxidativo, câncer de pele e envelhecimento precoce”, afirmou.
Colepicolo estima que, além de protetores para a pele, as micosporinas poderão ser usadas na base de tintas e vernizes para proteger materiais que ficam expostos à luz solar, como prédios e barcos.
Biocombustíveis
O pesquisador também abordou no workshop as perspectivas de produção de algas marinhas em regiões próximas à costa brasileira, um subprojeto integrante do Projeto Temático. “As fazendas de cultivo de macroalgas ajudariam a preservar as espécies, uma vez que evitam a extração e eventual predação dessas plantas em seu ambiente natural”, disse.
Em parceria com a professora Eliane Marinho-Soriano, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Colepicolo espera desenvolver sustentabilidade em cultivos integrados que envolvam a criação de organismos diferentes.
A primeira experiência é o cultivo de macroalgas e a criação de camarões em um único tanque do tamanho de um campo de futebol, em média, a 1,5 metro de profundidade.
A cada três meses, mesmo tempo de crescimento ideal das macroalgas, os camarões são coletados e as águas eutrofizadas dos tanques são devolvidas aos mangues da região. Com os cultivos integrados, as macroalgas colaboram para a purificação da água absorvendo o excesso de nitrogênio, fosfato e outros resíduos para seu desenvolvimento, servindo assim de biorremediadoras ambientais.
“A parceria com a professora Eliane da UFRN é muito importante. No Rio Grande do Norte há alta incidência de radiação solar, o que aumenta a produtividade das algas”, disse Colepicolo, explicando que a luz solar aumenta a velocidade de desenvolvimento e de reprodução das plantas aquáticas.
Para o professor da USP, as algas podem ainda ser uma boa fonte de biocombustíveis e suprir a demanda por biodiesel que não consegue ser atendida somente pelas fontes animais e vegetais terrestres atuais. Esse também é um dos braços de pesquisa contemplados pelo Projeto Temático.
Para esse objetivo, o pesquisador defende o melhoramento de cultivos e a aplicação de engenharia molecular, além de pesquisas em extração e refino do óleo de alga. Esses esforços poderiam tornar o combustível de alga competitivo em relação ao similar obtido do petróleo.
“A bioenergia de algas tem duas frentes diferentes de pesquisa. Primeiramente, as microalgas, ricas em lipídios, ou gorduras, são ideais para a fabricação de biodiesel”, disse Colepicolo, ressaltando que, diferentemente dos vegetais terrestres, o cultivo de algas não necessita de fertilizantes nem de pesticidas.
“Já as macroalgas possuem um alto teor de açúcar. Algumas espécies apresentam entre 50% e 60% de seu peso seco em polissacarídeos. São açúcares que, ao serem degradados por enzimas específicas, transformam-se em monômeros fermentáveis que dão origem ao etanol”, completou.
As macroalgas podem participar das pesquisas do etanol de terceira geração provenientes de carboidratos. “Trata-se de uma alternativa sustentável e ecologicamente correta, pois só usa água salgada e luz solar para crescer e não é necessária a utilização de agrotóxicos e fertilizantes”, disse.
Mais informações: www2.iq.usp.br/docente/piocolep
Reportagem de Fábio Reynol, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 13/09/2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

‘A ordem econômica do pós-guerra está colapsando’ - Boaventura de Sousa Santos



Adital -
[A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários].
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso total. Chegou a ser constrangedora a perda de credibilidade dos EUA, como suposta economia mais poderosa do mundo, e o modo como tentaram acusar a China de comportamentos monetários afinal tão protecionistas quanto os dos EUA. A reunião mostrou que a "ordem" econômico-financeira, criada no final da Segunda Guerra Mundial e já fortemente abalada depois da década de 1970, está a colapsar, sendo de prever a emergência de conflitos comerciais e monetários graves. Mas curiosamente estas divergências não têm eco na opinião pública mundial e, pelo contrário, um pouco por toda a parte os cidadãos vão sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios repartidos. Há que analisar o que se esconde por detrás deste unanimismo.
Quem tomar por realidade o que lhe é servido como tal pelos discursos das agências financeiras internacionais e da grande maioria dos Governos nacionais nas diferentes regiões do mundo tenderá a ter sobre a crise econômica e financeira e sobre o modo como ela se repercute na sua vida as seguintes ideias: todos somos culpados da crise porque todos, cidadãos, empresas e Estado, vivemos acima das nossas posses e endividamo-nos em excesso; as dívidas têm de ser pagas e o Estado deve dar o exemplo; como subir os impostos agravaria a crise, a única solução será cortar as despesas do Estado reduzindo os serviços públicos, despedindo funcionários, reduzindo os seus salários e eliminando prestações sociais; estamos num período de austeridade que chega a todos e para a enfrentar temos que aguentar o sabor amargo de uma festa em que nos arruinamos e agora acabou; as diferenças ideológicas já não contam, o que conta é o imperativo de salvação nacional, e os políticos e as políticas têm de se juntar num largo consenso, bem no centro do espectro político.
Esta "realidade" é tão evidente que constitui um novo senso comum. E, no entanto, ela só é real na medida em que encobre bem outra realidade de que o cidadão comum tem, quando muito, uma ideia difusa e que reprime para não ser chamado ignorante, pouco patriótico ou mesmo louco. Essa outra realidade diz-nos o seguinte. A crise foi provocada por um sistema financeiro empolado, desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas.
Com isto, os Estados, já endividados, endividaram-se mais, tiveram de recorrer ao sistema financeiro que tinham acabado de resgatar e este, porque as regras de jogo não foram entretanto alteradas, decidiu que só emprestaria dinheiro nas condições que lhe garantissem lucros fabulosos até à próxima explosão. A preocupação com as dívidas é importante mas, se todos devem (famílias, empresas e Estado) e ninguém pode gastar, quem vai produzir, criar emprego e devolver a esperança às famílias?
Neste cenário, o futuro inevitável é a recessão, o aumento do desemprego e a miséria de quase todos. A história dos anos de 1930 diz-nos que a única solução é o Estado investir, criar emprego, tributar os super-ricos, regular o sistema financeiro. E quem fala de Estado, fala de conjuntos de Estados, como a União Europeia e o Mercosul. Só assim a austeridade será para todos e não apenas para as classes trabalhadoras e médias que mais dependem dos serviços do Estado.
Porque é que esta solução não parece hoje possível? Por uma decisão política dos que controlam o sistema financeiro e, indiretamente, os Estados. Consiste em enfraquecer ainda mais o Estado, liquidar o Estado de bem-estar onde ele ainda existe, debilitar o movimento operário ao ponto de os trabalhadores terem de aceitar trabalho nas condições e com a remuneração unilateralmente impostas pelos patrões.
Como o Estado tende a ser um empregador menos autônomo e como as prestações sociais (saúde, educação, pensões, previdência social) são feitas através de serviços públicos, o ataque deve ser centrado na função pública e nos que mais dependem dos serviços públicos. Para os que neste momento controlam o sistema financeiro é prioritário que os trabalhadores deixem de exigir uma parcela decente do rendimento nacional, e para isso é necessário eliminar todos os direitos que conquistaram depois da Segunda Guerra Mundial. O objetivo é voltar à política de classe pura e dura, ou seja, ao século XIX.
A política de classe conduz inevitavelmente à confrontação social e à violência. Como mostram bem a recentes eleições nos EUA, a crise econômica, em vez de impelir as divergências ideológicas a dissolverem-se no centro político, agrava-as e empurra-as para os extremos. Os políticos centristas (em que se incluem os políticos que se inspiraram na social democracia europeia) seriam prudentes se pensassem que na vigência do modelo que agora domina não há lugar para eles. Ao abraçarem o modelo estão a cometer suicídio. Temos de nos preparar para uma profunda reconstituição das forças políticas, para a reinvenção da mobilização social da resistência e da proposição de alternativas e, em última instância, para a reforma política e para a refundação democrática do Estado.
[Publicado pela CartaMaior, 15-11-2010].

* Sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Universidade de Wisconsin (EE.UU.)
Apropriação indébita: como os ricos estão tomando nossa herança comum
Enviar Artigo
Versão para Impressão
Letra
A-A+

Ladislau Dowbor *

Adital -
A concentração de renda e a destruição ambiental continuam sendo os nossos grandes desafios. São facetas diferentes da mesma dinâmica: na prática, estamos destruindo o planeta para a satisfação consumista de uma minoria, e deixando de atender os problemas realmente centrais. Como explicar que, com tantas tecnologias, produtividade e modernidade, estejamos reproduzindo o atraso? Em particular, como a sociedade do conhecimento pode se transformar em vetor de desigualdade?
O prêmio Nobel Kenneth Arrow considera que os autores de "Apropriação indébita: como os ricos etão tomando a nossa herança comum", Gar Alperovitz e Lew Daly, "se baseiam em fontes impecáveis e as usam com maestria. Todo mundo irá aprender ao ler este livro". Eu, que não sou nenhum prêmio Nobel, venho aqui contribuir com a minha modesta recomendação, transformando o meu prefácio em instrumento de divulgação. Mania de professor, querer comunicar o entusiasmo de boas leituras. E recomendação a não economistas: os autores deste livro têm suficiente inteligência para não precisar se esconder atrás de equações. A leitura flui.
A quem vai o fruto do nosso trabalho, e em que proporções? É a eterna questão do controle dos nossos processos produtivos. Na era da economia rural, os ricos se apropriavam do fruto do trabalho social, por serem donos da terra. Na era industrial, por serem donos da fábrica. E na era da economia do conhecimento, a propriedade intelectual se apresenta como a grande avenida de acesso a uma posição privilegiada na sociedade. Mas para isso, é preciso restringir o acesso generalizado ao conhecimento, pois se todos tiverem acesso, como se cobrará o pedágio, como se assegurará a vantagem de minorias?
Um argumento chave desta discussão é, naturalmente, a legitimidade da posse. De quem é a terra, que permitia as fortunas e o lazer agradável dos senhores feudais? Apropriação na base da força, sem dúvida, legitimada em seguida por uma estrutura de heranças familiares. Uma vez aceito, o sistema funciona, pois na parte de cima da sociedade forma-se uma aliança natural ditada por interesses comuns.
Na fase industrial, um empresário pega um empréstimo no banco -e para isso ele já deve pertencer a um grupo social privilegiado- e monta uma empresa. Da venda dos produtos, e pagando baixos salários, tanto auferirá lucros pessoal como restituirá o empréstimo ao banco. De onde o banco tirou o dinheiro? Da poupança social, sob forma de depósitos, poupança esta que será transformada na fábrica do empresário. Aqui também, vale a solidariedade dos proprietários de meios de produção, e o resultado de um esforço que é social será em boa parte apropriado por uma minoria.
Mudam os sistemas, evoluem as tecnologias, mas não muda o esquema. Na fase atual, da economia do conhecimento, coloca-se o espinhoso problema da legitimidade da posse do conhecimento. A mudança é radical, relativamente aos sistemas anteriores: a terra pertence a um ou a outro, as máquinas têm proprietário, são bens "rivais". No caso do conhecimento, trata-se de um bem cujo consumo não reduz o estoque. Se transmitimos o conhecimento a alguém, continuamos com ele, não perdemos nada, e como o conhecimento transmitido gera novos conhecimentos, todos ganham. A tendência para a livre circulação do conhecimento para o bem de todos torna-se, portanto, poderosa.
A apropriação privada de um produto social deve ser justificada. O aporte principal de Alperovitz e de Daly, neste pequeno estudo, é de deixar claro o mecanismo de uma apropriação injusta -Unjust Deserts- que poderíamos explicitar com a expressão mais corrente de apropriação indébita. Ao tornar transparentes estes mecanismos, os autores na realidade estão elaborando uma teoria do valor da economia do conhecimento. A força explicativa do que acontece na sociedade moderna, com isto, torna-se poderosa.
Para dar um exemplo trazido pelo autor, quando a Monsanto adquire controle exclusivo sobre determinada semente, como se a inovação tecnológica fosse um aporte apenas dela, esquece o processo que sustentou estes avanços. "O que eles nunca levam em consideração, é o imenso investimento coletivo que carregou a ciência genética dos seus primeiros passos até o momento em que a empresa toma a sua decisão. Todo o conhecimento biológico, estatístico e de outras áreas sem o qual nenhuma das sementes altamente produtivas e resistentes a doenças poderia ter sido desenvolvida -todas as publicações, pesquisas, educação, treinamento e ferramentas técnicas relacionadas sem os quais a aprendizagem e o conhecimento não poderiam ter sido comunicados e fomentados em cada estágio particular de desenvolvimento e, então, passados adiante e incorporados também por uma força de trabalho de técnicos e cientistas- tudo isto chega à empresa sem custo, um presente do passado" (55). Ao apropriar-se do direito sobre o produto final, e ao travar desenvolvimentos paralelos, a empresa canaliza para si gigantescos lucros da totalidade do esforço social, que ela não teve de financiar. Trata-se de um pedágio sobre o esforço dos outros. Unjust Deserts.
Se não é legítimo, pelo menos funciona? A compreensão do caráter particular do conhecimento como fator de produção já é antiga. Uma jóia a este respeito é um texto 1813 de Thomas Jefferson:
"Se há uma coisa que a natureza fez que é menos suscetível que todas as outras de propriedade exclusiva, esta coisa é a ação do poder de pensamento que chamamos de idéia... Que as idéias devam se expandir livremente de uma pessoa para outra, por todo o globo, para a instrução moral e mútua do homem, e o avanço de sua condição, parece ter sido particularmente e benevolentemente desenhado pela natureza, quando ela as tornou, como o fogo, passíveis de expansão por todo o espaço, sem reduzir a sua densidade em nenhum ponto, e como o ar no qual respiramos, nos movemos e existimos fisicamente, incapazes de confinamento, ou de apropriação exclusiva. Invenções não podem, por natureza, ser objeto de propriedade". (1)
O conhecimento não constitui uma propriedade no mesmo sentido que a de um bem físico. A caneta é minha, faço dela o que quiser. O conhecimento, na medida em que resulta de um esforço social muito amplo, e constitui um bem não rival, obedece a outra lógica, e por isto não é assegurado em permanência, e sim por vinte anos, por exemplo, no caso das patentes, ou quase um século no caso dos copyrights, mas sempre por tempo limitado: a propriedade é assegurada por sua função social -estimular as pessoas a inventarem ou a escreverem- e não por ser um direito natural.
O merecimento é para todos nós um argumento central. Segundo as palavras dos autores, "nada é mais profundamente ancorado em pessoas comuns do que a idéia de que uma pessoa tem direito ao que criou ou ao que os seus esforços produziram".(96) Mas na realidade, não são propriamente os criadores que são remunerados, e sim os intermediários jurídicos, financeiros e de comunicação comercial que se apropriam do resultado da criatividade, trancando-o em contratos de exclusividade, e fazem fortunas de merecimento duvidoso. Não é a criatividade que é remunerada, e sim a apropriação dos resultados: "Se muito do que temos nos chegou como um presente gratuito de muitas gerações de contribuições históricas, há uma questão profunda relativamente a quanto uma pessoa possa dizer que "ganhou merecidamente" no processo, agora ou no futuro."(97)
As pessoas, em geral, não se dão conta das limitações. Hoje 95% do milho plantado nos EUA é de uma única variedade, com desaparecimento da diversidade genética, e as ameaças para o futuro são imensas. Teremos livre acesso às obras de Paulo Freire apenas a partir de 2050, 90 anos depois da morte do autor. O livre acesso às composições de Heitor Villalobos será a partir de 2034. Isto está ajudando a criatividade de quem? Patentes de 20 anos há meio século atrás podiam parecer razoáveis, mas com o ritmo de inovação atual, que sentido fazem? Já são 25 milhões de pessoas que morreram de Aids, e as empresas farmacêuticas (o Big Pharma) proíbem os países afetados de produzir o coquetel, são donas de intermináveis patentes. Ou seja, há um imenso enriquecimento no topo da pirâmide, baseado não no que estas pessoas aportaram, mas no fato de se apropriarem de um acúmulo historicamente construído durante sucessivas gerações.
Nesta era em que a concentração planetária da riqueza social em poucas mãos está se tornando insustentável, entender o mecanismo de geração e de apropriação desta riqueza é fundamental. Os autores não são nada extremistas, mas defendem que o acesso aos resultados dos esforços produtivos devam ser minimamente proporcionais aos aportes. "A fonte de longe a mais importante da prosperidade moderna é a riqueza social sob forma de conhecimento acumulado e de tecnologia herdada", o que significa que "uma porção substantiva da presente riqueza e renda deveria ser realocada para todos os membros da sociedade de forma igualitária, ou no mínimo, no sentido de promover maior igualdade".(153)
Um livro curto, muito bem escrito, e, sobretudo, uma preciosidade teórica, explicitando de maneira clara a deformação generalizada do mecanismo de remuneração, ou de recompensas, que o nosso sistema econômico gerou. Trata-se aqui de um dos melhores livros de economia que já passaram por minhas mãos. Bem documentado, mas sempre claro na exposição, fortemente apoiado em termos teóricos, na realidade o livro abre a porta para o que podemos qualificar de teoria do valor, mas não da produção industrial, e sim da economia do conhecimento, o que Daniel Bell qualificou de "knowledge theory of value". A Editora Senac tomou uma excelente iniciativa ao traduzir e publicar este livro. Vale à pena. (www.editorasenacsp.com.br)
Nota:
(1) Citado por Lawrence Lessig, The Future of Ideas: the Fate of the Commons in an Connected World - Random House, New York, 2001, p. 94.
[Autor de Democracia Econômica e de Da propriedade Intelectual à Sociedade do Conhecimento, disponíveis em http://dowbor.org.
Gar Alperovitz and Lew Daly - Apropriação Indébita: como os ricos estão tomando a nossa herança comum - Editora Senac, São Paulo 2010, 242 p.].

* Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas

Letra
A-A+

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ampliação de fundos solidários seria alternativa para desenvolvimento de comunidades pobres


11 de fevereiro de 2007
Fonte: Manoela Alcântara, de A Voz do Brasil
O governo federal estuda alternativas para investir mais em fundos solidários, ou seja, uma quantidade de recursos destinada a apoiar iniciativas produtivas baseadas nas práticas e culturas locais com o objetivo de levar desenvolvimento sustentável às comunidades de baixa renda. Durante um seminário realizado nesta semana em Brasília, o governo pretende discutir o tema com base nos resultados e propostas da Conferência Nacional de Economia Solidária.
Os textos iniciais organizados para o seminário mostram inclusive que os beneficiados poderiam ser os cidadãos que recebem recursos de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e o Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A proposta formaria uma política de fomento a empreendimentos de geração de trabalho e renda.
Segundo o diretor de articulação governamental da secretaria de articulação institucional e parcerias do Ministério do Desenvolvimento Social, Marcus Vinícius Villarim, o investimento do governo nessas experiências é importante porque os fundos ainda são poucos e pequenos. Para ele, com a união de bancos e investidores públicos pode aumentar esse tipo de iniciativa e ajudar famílias que ainda vivem com a ajuda do governo.
“Esse público precisa, na nova fase das ações sociais do governo, de incentivos que estimulem a geração de trabalho e renda dentro da comunidade. Assim, eles podem ter autonomia e dignidade, além de sobreviver com o próprio dinheiro”, afirmou Villarim.
Atualmente, os Fundos Solidários são criados com o dinheiro obtido do lucro que as cooperativas e associações, por exemplo, conseguem com seus trabalhos. Depois de o empreendimento já consolidado, as comunidades retiram uma parte do lucro e investem em um fundo solidário. Com essa reserva, não é necessário que haja mais investimento nas cooperativas, pois a comunidade vai ter dinheiro suficiente para comprar materiais para evolução do serviço.
O integrante da coordenação nacional do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Ademar Bertucci, também conta algumas experiência que já estão funcionando. “No Ceará, tem uma articulação que já é tradicional no nordeste brasileiro na área de sementes. É uma forma que o agricultor assegura que a cada plantação de sementes seja garantida. Lá existe um fundo no qual as comunidades têm uma estrutura que garante o depósito de sementes que depois são utilizadas e um uma outra parte do retorno dos recursos vai para outra comunidades”, disse Pertufe.
Um exemplo do investimento do governo é a experiência que é realizada há dois anos no nordeste brasileiro. Por meio do Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários no nordeste brasileiro, já foi investido R$ 1,6 milhão e esse ano os recursos devem aumentar para R$ 2,3 milhões.
O Seminário Nacional de Fundos Solidário começou a partir de hoje (6) em Brasília. No encontro, órgãos públicos e bancos serão incentivados a apostarem na idéia. No seminário, será iniciada uma discussão que transforme o incentivo voluntário dessas organizações aos fundos solidários em ações com recursos próprio no Orçamento Geral da União.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Alcalinizar para evitar o CâncerPDFImprimirE-mail

http://www.docelimao.com.br/images/cabeca_oca.gif
Sempre lembrar que a semeadura da saúde integral (corpo-coração-mente-espírito) são os bons hábitos do dia-a-dia. Portanto, manter o seu organismo alcalinizado, através da alimentação e demais hábitos saudáveis, é a grande sabedoria, a colheita feliz.
Localização 1: não se trata de um foco, uma obsessão pela alimentação e saúde para evitar doenças, mas na saúde pela sabedoria, pela qualidade de vida, pela superação e evolução.
Localização 2: acreditar em milagres para neutralizar os maus hábitos de vida faz parte da ilusão, da falsa expectativa e da contracultura, cuja inevitável colheita é empacar no caminho da evolução e da saúde do Ser.
Uma novidade está no ar
O Dr. Tullio Simoncini, médico italiano especialista em oncologia, diabetes e desordens metabólicas, constatou algo simples que considera a causa do câncer. Ele observou que todo paciente oncológico apresenta quadro repetitivo de aftas, sintoma já identificado pela comunidade médica, mas sempre tratado como uma infecção oportunista por fungos: a famosa cândida albicans ou candidíase.
A constatação é que todos os tipos de câncer apresentam essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores, mas em comum a manifestação das aftas no paciente, que se sabe é um sintoma de acidez metabólica.
Então, pensou ele: não seria ao contrário? A causa do câncer ser a proliferação descontrolada do fungo?
Essa é uma interpretação válida. Como os oncologistas não sacaram isso antes?
MAS, antes disso eu, Conceição Trucom, afirmo: fungos e aftas só acontecem; só proliferam ou se instalam em organismos ácidos. Em organismos alcalinizados tal fenômeno não tem como acontecer ou se perpetuar.
Repetindo o que já se sabe faz um século pela cultura Biodinâmica e muitos centros de medicina naturalista: fungos, vírus, bacilos e bactérias só proliferam em meio ácido, ou seja, em organismos ácidos, em solos ácidos. E, organismos ácidos, seja um solo, um animal ou ser humano, revelam um estado de subnutrição, desmineralização, doença, envelhecimento e morte.
Então, a verdadeira causa das doenças, no caso as infecções, candidíases e aftas, assim como o câncer, acontecem porque a alimentação moderna, industrializada, aditivada e refinada é altamente acidificante.
Um solo ou ser humano que faz uso massivo de "alimentação" natural, de origem vegetal, crua e orgânica, certamente será levemente alcalino, proporcionando um metabolismo harmônico, equilibrado e saudável, pronto para se defender dos naturais ataques e invasões destrutivas: seja um fungo, bactéria, célula mutante ou tumor.
Se uma substância alcalinizante, como o bicarbonato de sódio, extermina com os fungos e microorganismos tumorais, é fácil deduzir que o meio adequado para o desenvolvimento e perpetuação dos mesmos é um meio ácido.
http://www.docelimao.com.br/images/nosso-sangue.JPGPor exemplo, a faixa normal de pH da saliva de uma pessoa que se alimenta saudavelmente (80 a 100% crua e viva) é levemente alcalina 7.36 a 7.42 (lembrar que o pH neutro é 7.0). Pessoas que exageram no açúcar, refrigerante, frituras, refinados, carnes e refeições 100% cozidas apresentam pH ácido de 6.5 a 6.8, enquanto uma pessoa com câncer apresenta pH mais ácido ainda: 4.5 a 5.7.
Os maus hábitos repetitivos de alimentação e de vida, como o fast food e o sedentarismo, condições rapidamente acidificantes, geram um organismo continuamente acidificado, um estresse metabólico que deprime o sistema imunológico e a força de sustentação da vida, minando diariamente a saúde, a vitalidade e os projetos evolutivos de transformação e curas.
Este é o motivo pelo qual peço que todos cuidem da sua saúde integral de forma sábia, ou seja, diariamente, preventivamente. E não se trata de um foco na saúde para evitar doenças, mas na saúde pela sabedoria, pela superação da vida, pela evolução.
Para tanto, sugiro a leitura de todos os textos + vídeos do Boletim Doce Limão de novembro/08: Não podemos ser ácidos
A forma de neutralizar e “curar” do Dr. Simoncini
E, este foi o raciocínio do Dr. Simoncini: para exterminar esse fungo vou neutralizar (alcalinizando) este meio doentio e ácido. Assim, ele faz uso do agente neutralizante de acidez mais antigo e simples que a humanidade conhece: o bicarbonato de sódio.
Hoje banido da comunidade médica italiana, foi aplaudido de pé na Associação Americana contra o Câncer quando apresentou esta sua constatação e a terapia de alcalinização com o bicarbonato de sódio. Tem vários vídeos desta apresentação no YouTube.
Assim ele começou a tratar seus pacientes com lavagens (via procedimento hospitalar) com bicarbonato de sódio e controlando metodicamente os tumores. Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desaparecem, juntamente com as aftas. Desta forma, muitos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados positivos do tratamento.
Muitos alertas
1) O Dr. Simoncini começou a tratar seus pacientes com bicarbonado de sódio, com lavagens, via procedimento médico e hospitalar, e controle metódico dos tumores. Atenção: realizado e monitorado por EQUIPE MÉDICA.
2) Não faça ingestão. Muito cuidado com os textos que estão circulando pela net que induzem à auto-medicação. Embora o bicarbonato de sódio seja um produto fácil de comprar nas farmácias (aliás em qualquer esquina), NÃO FAÇA QUALQUER AUTO-MEDICAÇÃO. O uso continuado e abusivo de bicarbonato de sódio via oral pode causar graves problemas.
3) Mais cuidado: o texto que circula pela net informa que "quaisquer tumores podem ser curados com esse tratamento simples e barato". Pode ser barato, mas não é simples e não pode ser realizado domesticamente: todo cuidado é pouco nesta mania do brasileiro de se auto-medicar. Este é um procedimento MÉDICO. Não é brincadeira!
Para saber mais, ou informar seu médico sobre este tratamento, visite os sites e assista ao vídeo endereçados abaixo.
Em resumo, meu propósito ao escrever este artigo foi:
- Confirmar a constatação do Dr. Tulio Simoncini de que somente organismos ácidos são assolados por doenças, entre elas o câncer, aliás Hipócrates, 400 a.C. já afirmava isso!
Alertar a todos para o fato de que o bicarbonato é um procedimento médico, portanto nada de auto-medicação. Alertar para este assunto que está sendo divulgado pelos internautas de forma sensacionalista, mas carecendo de informação e responsabilidade. Imagino as pessoas que estão com câncer ou parentes com câncer, como estão desesperadas para acessar o ex-Dr. Túlio (seu direito de exercer a profissão de médico foi cassada).
- O correto é a educação alimentar, é a medicina preventiva, é EVITAR a acidez metabólica com HÁBITOS SAUDÁVEIS DE ALIMENTAÇÃO E DE VIDA.
O caminho verdadeiro para a cura e as transformações de padrões destrutivos é praticar diariamente as mudanças alimentares que EVITAM os alimentos que acidificam o sangue, e aumentar o consumo dos alimentos que proporcionam a ALCALINIZAÇÃO metabólica.
Minha indicação é sempre: Desintoxicar-se e na mesma cajadada Alcalinizar, Vitalizar e Curar.
Vai acabar a farra dos laboratórios farmacêuticos...
Esta é a chamada sensacionalista que tem circulado na net. Mas não é assim tão milagrosamente simples não. Precisamos primeiro sair da contra-cultura da desinformação ou da banalização irresponsável da informação.
Enquanto as pessoas não se conscientizarem sobre os seus maus hábitos alimentares e de vida, a indústria da doença irá crescer sim e vertiginosamente.
Não existem milagres ou fim deste capitalismo selvagem (*) que executa a indústria da doença. Esta indústria existe porque damos poder e força para ela seguir, cada vez mais, existindo. Diga-se de passagem: somos cada dia mais dependentes dela.
Fico bem triste com a constatação de que as pessoas querem se auto-enganar para poder seguir com seus maus hábitos. E, uma forma de se auto-enganar é acreditar em facilidades, em milagres, no poder do externo. Um raciocínio comum nas mensagens que recebo: como tudo que eu quero, faço tudo que eu quero e depois, o que você acha Conceição, das pílulas A, B ou C? Do chá verde, branco ou azul? Da alga X, do cogumelo Z ou da auto-injeção W?
Não acreditem que esta é a solução. Que estão conseguindo enganar ao seu corpo, fígado, pâncreas, coração ou rins. Que a solução é ter câncer e depois, na sequência, se auto-medicar com bicarbonato. Até porque, se não curar a causa, o câncer voltará.
O MILAGRE, ou melhor, o NORMAL é não ter câncer. É não ter diabetes, problemas cardiovasculares, renais ou hepáticos.
E, se a doença já está instalada, cuidar para sair o mais rápido da zona de perigo (no caso antitérmicos e antiácidos podem ser úteis), mas buscar a CURA verdadeira, que só o próprio organismo, enquanto alcalinizado, vitalizado e nutrido, poderá fazer.
Medicina preventiva é a localização pessoal, é viver na real, é a humildade, é a sabedoria, é o comprometimento de VIDA que te quero VIVA!
É simplesmente uma alimentação saudável e hábitos amorosos de vida. É menos ilusão, mais localização.
Esta é a melhor forma de acabar com a farra dos laboratórios farmacêuticos e da indústria alimentícia, que enchem as bufas de dinheiro induzindo doenças e produzindo drogas contra câncer, diabetes, colesterol, hipertensão, ansiedade, obesidade etc. "Eu te adoeço, depois te vendo a cura."
Estas farras só irão acabar quando assumirmos a responsabilidade e o respeito para com o nosso corpo físico, coração, mente e espírito. Quando assumirmos o nosso poder e não deixá-lo nas mãos de desejos iludidos, remédios, médicos, hospitais e planos de saúde.
Penso que neste momento de transição consciencial e planetária, eles até podem existir, mas não da forma como o usamos: primeiro como, fico doente, depois verei o que faço.
Viva a Alimentação Desintoxicante! Viva a Alimentação Crua e Viva!
Viva o nosso rico dinheiro e energia investidos com o simples e natural. Com o que verdadeiramente soma e constrói saúde plural.
(*) O capitalismo selvagem só existe enquanto as pessoas estiverem 100% focadas na sobrevivência, no imediatismo e na ilusão.
Referências:
- Recomendo a leitura dos livros Alimentação Desintoxicante e O poder de cura do Limão  Conceição Trucom (Editora Alaúde), o que possibilitará a prática da alcalinização diária com consciência e responsabilidade.
- Recomendo a leitura na íntegra dos Boletins Doce Limão: Novembro 2008: Não podemos ser ácidos e Março 2010: Bicarbonato???, em especial o texto Alimentação Desintoxicante x Doenças
Livros Indicados: Kit Super Saúde 1
- Vídeo em italiano, legendado em português, onde o Dr. Túlio Simoncini apresenta sua teoria:
A cura do Câncer - Dr. Tulio Simoncini
- Orientações dos tratamentos com bicarbonato do Dr. Tulio Simoncini, com tradução realizada por webmaster do www.somostodosum.com.br

Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e fonte.